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Mostrando postagens de julho, 2020

Um dia que prometia ser bonito

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"Desde a madrugada, o dia prometia ser bonito. Antes do amanhecer, tudo, em volta de nós, estava mergulhado em densa neblina, predominando uma umidade que atingiria o máximo. A mata, quase invisível, envolta em absoluto silêncio, repousava. O sol saiu logo, quente e brilhante, trazendo-nos certo alívio com seu calor. Dispusemos nossas coisas para secar. Os insetos exigem cuidados especiais, pois além da umidade, são atacados por formigas, abelhas, cupins, cabas e outros bichos. Fui, com meu companheiro, rio abaixo, numa canoa, até um ponto de margem elevada. Ali, amarramos a canoa e fizemos uma penetração sem rumo certo. Logo encontramos uma velha estrada de seringueiro, com trechos tão cerrados que só a facão conseguíamos abrir passagem. Vi várias araras e ciganas, à beira de um lago, onde também havia jaós, japus esverdeados, vários bicos de brasa, pica-paus de cabeça-vermelha. [...] e várias aves do subosque, desconhecidas para mim. [...]. FONTE: CARVALHO, José Când

O curioso cajueiro

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"Algumas árvores que crescem isoladas nos campos são muito curiosas. O cajueiro é muito abundante e em alguns pontos se poderia falar em pomares desta árvore, que parece preferir solos arenosos. Parece haver várias espécies distintas, crescendo juntas, a julgar pelas diferenças de cor, aroma e tamanho dos frutos. Este, quando maduro, tem o colorido e o feitio de uma pera, mas apresenta um aspecto muito singular graças ao grande caroço reniforme que cresce fora da porção carnosa do fruto. Amadurece em janeiro, e a gente mais pobre de Santarém sai então para os campos e colhe imensas quantidades, com que faz uma bebida ou vinho, como lhe chama, e que é considerada remédio contra certas doenças de pele. Os caroços são assados e comidos. [...]. FONTE: BATES, Henry Walter. O naturalista no rio Amazonas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1944. v. 2, p. 25. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. Série 5a. Brasiliana, v. 237-A). Caju ( Anacardium occidentale ) Jacquin

A palmeira Jacitara

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"A rede de plantas trepadeiras (cipós) a que já nos referimos, que trepam e se enrolam, vista mais de perto compõe-se de imensa variedade de plantas pertencentes aos mais diversos grupos, que certamente, só devido a lhes ter sido negado espaço, parece terem sido forçados a trepar em busca de alimento, ar e luz. Até mesmo uma palmeira se tornou trepadeira e enrosca seu tronco espinhoso e elástico semelhante a um cabo na árvore ao seu lado, até alturas incríveis. As folhas dessa palmeira, Jacitara ( Desmoncus macroacanthos e orthacantos ), que são peniformes, como é comum nesta família, saem a grandes intervalos do tronco; as pontas de cada folha têm numerosos espinhos compridos e curvos, com os quais se agarra à vítima indefesa. Os cipós e as lianas, desde o mais delicado sarmento até ao cabo da grossura dum braço, enroscam-se como serpentes em incompreensíveis entrelaçamentos como serpentes estrangulando por fim, num abraço laocoôntico, as árvores gigantescas que até então lhes

As curiosas plantas sensitivas

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"[...]. Além dessas, há numerosas outras, de vistosas flores, e outras muito menos notáveis. As papilionáceas, ou ervilhas, são comuns. As cássias são muito numerosas, algumas das quais meros arbustos, outras lindas árvores, tendo bonitas flores amarelas. As mimosas, curiosas plantas sensitivas, cuidadas com tanto interesse em nossas estufas, são tão comuns, como o nosso joio, da beira das nossas estradas. A maior parte delas são adornadas de flores globulosas, alvas e purpurinas. Algumas são muito sensitivas, bastando uma pessoa tocá-las levemente, para causar-lhes o fechamento ou a queda de muitas folhas. Para outras, é necessário um toque mais pesado, afim do que elas exibam então as suas curiosas propriedades, enquanto algumas, por sua vez, dificilmente dão sinais de sensibilidade, mesmo rudemente tratadas. Todas elas são providas de espinhos mais ou menos aguçados, que devem em parte corresponder ao propósito de defender as suas delicadas estruturas dos numero

As flores do ingazeiro

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"[...]. De vez em quando vê-se uma mimosa ou outra árvore de folhagem delicada e pinulada; massas compactas de ingazeiras orlam a margem, e de seus ramos pendem longas vagens de diferentes feitios e tamanhos, conforme a espécie, tendo algumas 1 metro de comprimento. Quase não há flores na mata. De vez em quando se vê uma soberba flor escarlate na ponta de uma haste, enfeitando lá no alto a sombria folhagem da mata. Suponho que pertença a uma trepadeira da ordem das Combretáceas. Vêem-se também algumas bignônias de flores amarelas e roxas em forma de campânula. As flores do ingazeiro, embora não chamem a atenção, são delicadas e bonitas. As árvores formam uma barreira tão cerrada ao longo da margem que não se consegue ver nem de relance o interior da floresta!". FONTE: BATES, Henry Walter. Um naturalista no rio Amazonas . Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1979, p. 96. Inga sp. Britton, N. L.; Horne, F. W. Popular flora of Puerto Rico . Desenho d