Uma latada de maracujá


"[...]. Mas a ocupação predileta de Rosinha era cuidar do jardim por ela improvisado numa das nesgas de terra que circundavam a modesta barraca. Uma roseira de cacho, que plantara quando ainda criança, já se debruçava sobre a cobertura de ubim, e uma grande latada de maracujá dava sombra e cheirosos frutos esféricos, de cor gema de ovo de tartaruga. Do outro lado, era um jasmineiro, cujas flores, depois de ornarem a cabeleira negra da cabocla, parecendo multidão de estrelas em noite sem lua, iam perfumar as camisas de murim nos baús de folha. Os tajás cresciam espontaneamente em toda parte, como a touceira de vindicá, e ainda havia lugar para os pés de bugarí, de murtinha e de cristas de galo de um vermelho escuro, como postas de sangue meio coagulado, isto sem falar no jirau, onde as plantas de paneiro se enfileiravam misturando os aromas fortes de manjericão, pluma, alecrim e bergamota".

FONTE:

LIMA, E. Costa. O filho da cobra grande: folclore amazônico. 2. ed.  Rio de Janeiro: Brasílica, 1944. p. 18-19.




Maracujá (Passiflora sp) 
J. T. Descourtilz. Oiseaaux brillans du Brésil, t. 38. 1834
www.plantillustrations. org

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