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Mostrando postagens de agosto, 2025

Viajantes: As flores púrpuras das orquídeas

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Franz Keller-Lëuzinger (1835-1890), botânico e explorador alemão narra trecho de seu livro  Os rios Amazonas e Madeira : esboços e relatos de um explorador. 2021. p. 170, com tradução, apresentação e notas  de Adriano Gonçalves Feitosa, onde relata sobre  as orquídeas e palmeiras encontradas nesse trecho de sua viagem:           Um misterioso crepúsculo segue em nosso encalço, intensificando o brilho dos derradeiros raios de sol que cai por sobre lustrosas palmeiras, ou por sobre as flores púrpuras das orquídeas. Troncos colossais, alguns de 6 a 10 metros em diâmetro, impõem-se como pilares suportando a pesada abóboda de folhagem verde e densa; abaixo, ofuscadas pelos gigantes da vizinhança, variedades de palmeiras altas e graciosas, desembaraçadas ou cobertas por arbustos, carregadas de frutinhas de amarelo ou vermelho vívidos, lutam entre si por um vislumbre de luz [...]. Laelia purpurata. J. Linden. Lindenia Orchid Prints, 1885.  

Viajantes: As famosas cuias pintadas

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O escritor português José Maria Ferreira de Castro (1898-1974) trabalhou como seringueiro,  durante quase quatro anos no Seringal Paraíso em plena Floresta Amazônica e, dessa experiência, escreveu o livro "A Selva". A seguir um trecho do romance A Selva 2. ed. 1937. p. 53:           As cuias, mais que as guloseimas, prendiam a atenção de Alberto. Já as conhecia de Belém, célebres por darem frescura e fino sabor à água que por elas se sorvia, mas nunca as vira em tanta fantasia e variedade. Fruto grande e redondo de muitos quilos, às vezes, os nativos serravam-no pelo meio, extraindo-lhe a polpa inútil e das duas metades da casca, submetidas a tratamento e tingidas de negro, faziam aqueles primores locais. Por fora, mãos pacientes abriam a branco sobre o fundo preto, caprichosos arabescos, uns falando de primitivas ingenuidades, outros impondo-se já por uma intenção de arte. Havia também as que não tinham sido serradas; cavara-se o fruto apenas dos lad...

Viajantes: A gaivota, a vigia dos navegantes na Amazônia

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Raimundo Morais (1875-1941), que serviu durante anos como comandante de navios fluviais na Amazônia, fala em sua obra Notas de um jornalista. 1924. p. 123-126,  sobre os hábitos das gaivotas e de como ajudam os navegantes nessa região:                              A ave  que mais se vê e se ouve, de dia e de noite, no volume da grande artéria, é a gaivota. Vindo do mar foi subindo este mediterrâneo fluvial como sucedeu a toninha, que virou boto, até os últimos filetes d´água. É um dos animais da fauna alada que mais prestam favores ao homem. De verão, em todo o curso da grande corda líquida, que flui sob a linha ideal do Equador, na volta do mês de dezembro, quando principiam a desabar os primeiros temporais, é ela o melhor vigia dos navegantes. Em noites escuras, eletrizadas, quando os fogos santelmos acendem os seus fachos azulados no tope dos mastros, é a gaivota, com seu grito estri...

Almanaque de curiosidades amazônicas: O exótico Pavão-do-mato

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     O Conde Ermanno Stradelli em sua obra Vocabulários da língua geral Portuguez-Nheêngatu-Nheêngatu-Portuguez, publicada na Revista do Instituto Historico e Geographico , t. 104, v. 158, 1929, explica que o  Pavão-do-mato ( Cephalopterus ornatus ) é um lindo pássaro azul escuro de larga poupa em forma de chapéu de sol e um apêndice carnoso, também coberto de plumas que lhe desce do pescoço em forma de badalo, e que lhe serve para tornar mais sonora a nota aflautada que costuma emitir.     Seu nome em Tupi é Uirá-membi , que significa "O flautista, pássaro flauta". O pássaro também é conhecido como anambé-preto, uirá-membi.     Eurico Santos em Pássaros do Brasil . 7. ed. 2004. p. 88-89 complementa:      Mede quase 45 cm de comprimento, sendo pois, um dos maiores pássaros da família. A plumagem é dum preto-azulado. Sobre a cabeça, uma poupa original se encurva para a frente e do pescoço lhe pende balouçante, um longo penduricalho ...

Viajantes: Festões e guirlandas naturais

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  Henry Walter Bates (1825-1892), naturalista inglês, relata em seu livro  O naturalista no rio Amazonas . 1944. v. 1. p. 221,  seu encontro com as flores na floresta amazônica e sua admiração pela beleza encontrada:                 O riacho  tinha umas cem jardas de largura, sendo mais estreito em alguns pontos. As duas margens estavam ocultas por dois altos reposteiros verdes, interrompidos aqui e ali, permitindo ver, sob as arcadas das árvores, clareiras com as palhoças dos sitiantes. Dos ramos das altas árvores que se projetavam sobre o rio, pendiam sobre o rio festões e guirlandas naturais e incalculável variedade de trepadeiras forrava as margens, das quais algumas, especialmente as Bignonias estavam cheias de flores de cores vivas. A arte não teria reunido tão harmoniosamente tão lindas formas vegetais, como o fizera a Natureza. [...]. Memora schomburgkii  (Bignoniaceae). Margaret Mee . Flores da...