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Mostrando postagens de setembro, 2019

O Uiraçu (Gavião-Real)

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"Ao cair da tarde, quando parou de chover, vi, pela primeira vez em natureza, um Uiraçu ( Harpya harpija (Linnaeus, 1758). Estava calmamente pousado em uma árvore, à beira do rio, de onde assistiu à passagem do batelão, imóvel, na maior displicência deste mundo. Tinha bem marcada no pescoço a mancha negra dos machos dessa espécie. [...]. Apareceram também maguaris, garças brancas, taquiris, tucano de peito branco, andorinhas, siriris, martins-pescadores e alguns papagaios. Também pela primeira vez observei dois rouxinóis do Rio Negro em natureza, assustando sobre os mesmos o meu binóculo, cuja utilidade numa viagem desta não tem limites". José Cândido M. Carvalho. Notas de viagem ao Rio Negro. Publicações Avulsas do Museu Nacional. Rio de Janeiro, n.9, p. 36, 1952. Gavião real - Uiraçu ( Harpia harpyja ). Ilustração de E. Riou (1833-1900). J. Creveaux. Voyages dans L´Amérique du sud . 1883.

A vida aérea de nossas florestas

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"[...]. Entre as aves trepadoras sobressaem as araras, que habitam o cimo das maiores árvores, onde comem e dormem. Os papagaios, sempre casados, passam a vida no tope dos madeiros. Os naturalistas os comparam, pela irrequietude, aos macacos, da mesma forma que comparam, pela lentidão as preguiças aos tucanos. Estes, de bicos enormes se bem que leves, famosos trepadores, de vez em quando emigram dentro da própria bacia amazônica, atravessando vales e serras numa larga peregrinação que parece originária da postura. É preciso, no entanto, antes de encerrar estas linhas, e como homenagem ao gênio perspicaz de Wappaeus, transcrever ainda estas suas curiosas observações referentes à índole e ao costume dos alados. Há "aves que habitam as alturas e evitam o homem; aves que procuram os povoados e se familiarizam com eles; aves das planícies que as frequentam em bandos; aves dos campos que vivem solitárias; aves que rastejam o solo e mal se elevam no ar; aves que esvoaçam nas maior

A espinhosa palmeira Tucum

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"Quanto mais avançávamos no rio pequeno e estreito, mais bela se tornava a vegetação. Não somente troncos grossos como também mais altos e retilíneos cresciam numa simetria singular, e, contudo, numa franca comunidade, ao lado uns dos outros, atraindo minha atenção para eles. Entre as palmeiras, predominavam pelo número as espinhosas astrocárias. Por toda parte, a bem armada Tucum ameaçava os que se aproximavam. Muitas vezes, a parte superior do tronco e as bainhas das folhas parecem inteiramente pretas, graças aos espinhos de que se cobrem. As simples e pequenas euterpes desaparecem inteiramente ao lado das rústicas vizinhas...". Robert Avé-Lallemant (1812-1884). Viagem pelo norte do Brasil . 1961. v. 2, p. 152. Tucum.    Bactris setosa .  C. F. P. von Martius. Historia Naturalis Palmarum . v. 2, t. 72, 1839.  www.plantillustrations.org

Aves aquáticas à beira do rio

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"O dia apenas clariava. Um bando de tucanos passara por cima da barraca, e dirigia-se para o açaizal. Em sentido contrário, centenas de periquitos iam, numa grande algazarra, procurar a comida nas favas das sumaumeiras. Quando o pai de Rosinha chegou à beira do rio, aí é que o alvoroço foi grande e a gritaria infernal! Eram centenas de marrecas, patos bravos, cararás, garças, ciganas e outras aves aquáticas, em grande número, que levantaram o voo espavoridas e revoltadas por lhes perturbarem a quietude. Entre os aningais e capins da margem, ouvia-se o piar dos filhotes que ficaram abandonadas. Numa outra manhã, o velho João ter-se-ia demorado a apreciar aquela debandada e os piados estridentes que soltava a passarada multicor e de várias espécies passando-se para outra margem do rio onde ficariam até, que tudo se aquietasse novamente. Mas hoje, o pobre homem nem mesmo se apercebia dos jacarés que, de goela à mostra, esperavam que as jaçanãs lhes viessem fazer o favor de catar

Um cenário pitoresco

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" [...]. O cenário do Caiambé é dos mais pitorescos. A terra, dos dois lados visíveis do lago, é alta e coberta de selvas sombrias, salpicadas aqui e ali de casas caiadas de branco, no meio da alfombra verde dos roçados pertencentes aos moradores. Em frizante contraste com estas escuras florestas ondeadas, vê-se a folhagem alegre, viva e verde-clara dos bosques das numerosas ilhotas que se destacam como jardins aquáticos na superfície do lago. Bandos de patos, cegonhas e garças brancas de neve habitam estas ilhotas; e ouviam-se a gritaria dos papagaios e o coro pungente dos tamburi-parás, quando passávamos. Era uma nota de alegria, depois de depressivo silêncio e da ausência de vida nas matas marginais do grande rio". Henry Walter Bates (1825-1892). O naturalista no rio Amazonas . 1944. v. 2, p. 287. Garças e Patos. Eurico Santos. Da ema ao beija-flor . 1990.

As pupunheiras e seus frutos deliciosos

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"[...]. Outras muitas árvores e plantas úteis encontramos na Amazônia. É a sumaumeira; é o buritizeiro; é o apuizeiro, que nasce como um cipó, enroscando-se nas árvores e matando-as no fim de algum tempo; são as palmeiras, de centenas de espécies. São os jupatis , de fibras claras, usadas no fabrico de chapéus e tantos utensílios caseiros; são as jacitaras , que fornecem fibra para fabricar jamaxis ou cestos; são os buçus , cuja palmas, empregadas como cobertura de casas, duram quase vinte anos; são os ubins , com suas folhas usadas como forro e cobertura de casas e no preparo de cestos, ou paneiros; são os mururus ou murumurus , que fornecem as fibras adotadas nos largos chapéus dos canoeiros; são os caranás , com fibras empregadas nas gaiolas e alçapões; são os mucajás : dão um fruto que, amassado, produz gostoso vinho; são as pupunheiras , cujo fruto é um alimento delicioso, cosido simplesmente, ou embebido uma calda de açucar, no mel de cana ou no mel de abelhas; são os açai