Um bruto pé-d´água
"O piloto é quem manda na canoa. Decide as pendências e desempata as teimas. Ninguém pode discutir com ele. No melhor da viagem, caiu um bruto pé-d´água. O patrão da navegação tinha avisado: -"Vamos ter uma boa carga d´água. Trovoada ainda está na boca do rio e eu já sinto ela aqui na minha caruara. A junta é sinal certo"... Mal sentiram no lombo os primeiros pingos, os canoeiros começaram a gritar num alarido dos infernos: - "Mandaí! Mandaí! Mãe de Deus! bem grossa e aturada, pra mim e mais vinte camaradas! " A chuva braba fazia um fragoído de tempestade no meio do rio. E o esturvo do trovão abalava a mataria molhada, onde os coriscos, riscando o céu, de vez em quando toravam um pau. Mas quem viaja no inverno está sujeito aos caprichos do piloto. Divisamos de longe, num barranco, a barraca de um seringueiro. - "Vamos amarrar ali, seu piloto?" - "Não, que eu não peço arrancho a peste de seringueiro!" E a canoa encostou na mata bruta onde