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Esplêndido espetáculo

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             Saindo de Vila Bela, aproamos a noroeste, para atravessar o rio em diagonal. E perto das 5 horas, aproximávamo-nos da margem esquerda: fértil, e bem cultivada, exibia-nos suas bananeiras de longas folhas, de fartos cachos e rematadas por um tubérculo de tom violeta dos mais belos que tenho visto. Sem conta também os coqueiros cujas nozes encerram um líquido branco e doce como leite; campos de milho, laranjeiras, cacaueiros. Por toda parte ramos de flores agrestes, tufos de verdura, árvores frutíferas. Aquele conjunto de plantas da natureza virgem e das semeadas pelo homem constituía esplêndido espetáculo. [...]. FONTE: BIARD, Auguste François. Dois anos no Brasil . Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004. p. 160. (Edições do Senado Federal, 13).   Bananeira ( Musa paradisiaca) Merian, Maria Sibylla.   Metamorphosis insectorum surinamensium . [1705].  www.pinterest.com

Os Cipós

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             [...]. No Brasil, as trepadeiras têm em todas as províncias o nome genérico de cipó. Sem haver viajado pelos grandes bosques do interior ou da costa oriental, é  impossível imaginar o aspecto selvagem e grandioso que às paisagens dão certos cipós: variados ao infinito em seu porte, em sua folhagem e na maneira extraordinária porque vão lançar caprichosamente seus braços gigantescos  no meio de árvores seculares, que estranguladas por eles algumas vezes fenecem; interrompidos com frequência no seu crescimento por rochedos, que recobrem de flores, para subirem ao topo das suas maiores árvores, antes de penderem em longos filamentos, por toda a parte oferecem o aspecto mais bizarro e quase sempre uma vegetação cheia de elegância. Aqui é uma multidão de cordoalhas, pendentes e entrelaçadas, semelhantes às complicadas manobras de um navio! Acolá são ramos verdejantes, balançando suas guirlandas floridas, que servem de abrig...

Borboletas de brilhantes cores

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            [...]. Cassias  de elegante folhagem penada e de vistosas flores formavam a grande proporção das árvores mais baixas, e aráceas arborescentes cresciam em touceiras em torno dos charcos. Por cima de tudo voavam borboletas de brilhantes cores, em bandos como nunca tínhamos visto. Algumas eram inteiramente amarelas ou alaranjadas ( Callidryas ); outras de asas excessivamente alongadas, coloridas de azul, rubro e amarelo ( Heliconias ) cortavam o ar horizontalmente. Uma espécie de magnífico verde claro ( Colaenis dido ) chamou especialmente a nossa atenção. Perto do chão, atraídas pelas flores de numerosas leguminosas e outras ervas, esvoaçavam muitas outras espécies menores, semelhantes no aspecto às nossas. Fora das borboletas havia poucos outros insetos, exceto libélulas, que apareciam em profusão, e parecidas no aspecto com as espécies inglesas mas algumas eram nitidamente diferentes, por suas cores de um vermelho rutilante. FONTE: BA...

As folhas trementes e delicadas das Mimosas

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           Muitas das gigantescas árvores da floresta têm folhas tão delicadas, como as trementes Mimosas , pertencendo, como estas mesmas, à numerosa família das Leguminosas , ao passo que as Cecropias , com suas enormes folhas palmadas, e as Clusias , com as suas luzentes folhas ovais, e cem outras formas intermédias, proporcionam bastante variedade.              E a intensa luz solar, por cima das suas copas, tudo banhando, enquanto as mais densas sombras reinam por baixo, aumenta a grandeza e a solenidade do cenário.           As flores eram raras e esparsas, algumas pequenas orquídeas, ervas rasteiras, aqui e ali um arbusto fluorescente, foi tudo que vimos ao lado do caminho, quando íamos passando [...]. FONTE: WALLACE, Alfred Russel. Viagens pelo Amazonas e Negro . Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004. p. 60-61. (Edições do Senado Federal, v. 17). Mimosa pudica Britton...

A Alma-de-gato (Piaya cayana)

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          A Alma-de-gato vive tanto na mata densa como na borda da mata, e aparece sem grande esquivança nos jardins e nas sebes. Seu voo é consideravelmente mais agradável, mais seguro, não hesito mesmo em chamá-lo elegante. Nos últimos anos tenho observado repetidas vezes em liberdade esta ave bela, e eminentemente útil, [...]. Tenho ficado admirado da extrema capacidade de modulação de sua voz. O que ela decanta, quer na macega densa, quer na copa de qualquer árvore alterosa da mata, azafamada na casa de insetos - exprimi-lo em língua humana parece-me empresa desesperadamente difícil. Acredito andar melhor declarando que este Cuco é um mofador, que imita à sua maneira a voz das outras aves e possui em seu repertório  uma compilação das obras musicais de seus companheiros de mata.   FONTE: GOELDI, Emílio A. As aves do Brasil . Rio de Janeiro: Livraria Clássica, 1894. p. 161-162. Chincoã (Alma-de-gato) à direita - Saci - Anu - Quirirú Álbum de av...

As penas da cauda do Urubu-Rei

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                    Se o ninho do Cauré afugenta a urucubaca, tira panema e propicia encontros felizes, sucesso nos negócios, a pena do Urubu-Rei dá sorte ao caçador. A plumagem do corpo da ave não tem a mesma virtude, não serve como talismã [...].           As penas da cauda são as que servem. É preciso, por outro lado, que a pena se desprenda quando o Urubu-Rei está voando ou voltejando, momento este considerado o em que no ar, espreita e fareja a presa. Matá-lo para consegui-la, nada adianta.      Meu tio Zé Ferreira foi um dos maiores caçadores do Trombetas. Tanto era extraordinário na caça como na pesca. Tanto pescava tucunaré de "pindu-nau-áca" nos rios ou lagos, como o caçava de rifle nos igapós. Nunca desceu de um "mutá" que não fosse para recolher a presa, quer esta fosse uma anta ou veado atraído à "comedia", que fosse uma ave de poleiro alto seduzida pela "negaça".  ...

Belas palmeiras

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           O mundo das palmeiras nas margens do Pará e do Amazonas tem caprichos peculiares. Quase usurpam sozinhas todo o solo, muitas vezes até mesmo uma única espécie, trechos inteiros de margem. A margem do Tocantins, poucas milhas a leste, no canal do sul, mais abaixo da Ilha de Marajó, era toda uma floresta de miritis, entremeada de muitas esguias euterpes. E agora, embora descobrisse sempre ambas as belas palmeiras encontrei verdadeira mata de fronde, sobre um solo mais firme e menos atingido pelas cheias do rio. FONTE: AVÉ-LALLEMANT, Robert. Viagem pelo Norte do Brasil no ano de 1859 . Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1961. v. 2, p. 59-60. (Coleção de Obras Raras, 7).  Palmeiras Açaí e Miriti Ilustração de Eron Teixeira