Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2025

Almanaque de curiosidades amazônicas: O Tanguru-pará

Imagem
J osé Coutinho de Oliveira(1887-1965), folclorista, etnólogo e linguista da Amazônia,  em sua obra Imaginário amazônico. 2007. p. 138, relata essa curiosa  lenda sobre as aves rivais, o Japiim e o Tanguru-pará:               O japiim  tornara-se o horror da passarada.      O Tanguru-pará nunca se havia encontrado com o japiim. Vivia lá para a sua banda, cantando baixinho e ensaiando passos de dança clássica, para um dia apresentar-se a Tupã, na certeza de o agradar e ser contratado para a corte celeste.          Aconteceu, porém, que o Japiim, o avô dos japiins; pois a família aumentara muito na Terra, numa das suas viagens pela mata, ouviu aquele canto esquisito; foi-se aproximando, aproximando e deu com o tanguru a cantarolar e saltitar no galho de pau.          Daí a pouco estava a arremedar o inofensivo tanguru.     O tanguru era pacato, e por isso, qu...

Viajantes: As Embaúbas

Imagem
      Theodore Roosevelt (1858-1919), político, estadista e naturalista, em sua viagem à Amazônia, registrou em seu livro Nas selvas do Brasil . 2010. 1949. p. 149, o seguinte comentário:      Subimos  contra a rápida correnteza durante umas duas horas, a boa velocidade. As pás dos remos eram providas de ponta apropriada para evitar as barrancas do rio. A floresta tropical se apresentava compacta como uma parede; as árvores mais altas estavam entrelaçadas de cipós, e por entre os troncos se estendia uma vegetação rasteira e densa. Em muitos pontos somente se podia penetrar fazendo uso do facão. Com poucas exceções, as árvores eram, para mim, desconhecidas e seus nomes regionais em nada me esclareciam.        A maioria delas exibia uma folhagem espessa e entre as exceções a que me referi, achavam-se as embaúbas, que dão preferência  às terras de aluvião recente, despidas de outras árvores, e cujas folhas, segundo fui informado, ...

Literatura: O Urutau

Imagem
Eurico Santos em sua obra Da ema ao beija-flor . 1952. p. 233, comenta sobre a ave urutau considerada como um ente fantástico que amedronta a todos que a ouvem cantar:     Por mais que estejamos habituados aos misteriosos rumores da floresta, o grito do urutau perturba-nos a calma do sistema nervoso, fazendo-nos experimentar um sentimento indefinível, senão de medo, algo semelhante a ele. Parece que esse apelo lancinante, ao nosso sentir, transforma-se em doce harmonia aos ouvidos da companheira, que uiva outra tenebrosa resposta.     Para muitos essa ave não é considerada verdadeira e sim como um ente fantástico, inacessível às mãos e olhos humanos. Alguns a aceitam como ave mas de certa forma incomum, dotada de algumas qualidades que fogem às leis naturais, como a de preservar as moças das seduções, mantendo-as puras.     Segundo José Veríssimo a pele dessa ave que é chamada pelos naturais de Uirá-táu i : "pequeno pássaro fantasma" preserva às donzelas d...

Viajantes: Um passeio pela floresta

Imagem
Margaret Mee (1909-1988), artista botânica inglesa,  descreve nesse trecho de seu livro Flores da floresta amazônica: a arte botânica de Margaret Mee. 2. ed. 2010. p. 78 sua impressão sobre  um passeio que fez pela floresta onde encontrou orquídeas e outras árvores floridas:      A chegarmos à Cachoeira dos Índios, Araken, o cacique da aldeia, levou-me a um passeio pela floresta em sua canoa artesanal. Chegamos a uma adorável clareira, verde de tantas samambaias e musgos, onde pequenas nascentes brotavam pelas fendas das pedras. Em um galho coberto por musgo encontrei uma Clowesia warczewitzii, uma espécie de orquídea não encontrada pelos botânicos havia mais de oito anos.     Como não havia mais o que fazer na cachoeira, continuei na descida do rio. No caminho, encontrei uma bela orquídea azul, Acacallis cyanea, em flor. A Serra do Demini começou a surgir ao leste aos poucos. Agora começamos a perceber a chegada da primavera por causa das árvores flo...