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Mostrando postagens de agosto, 2021

Esplêndido espetáculo

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             Saindo de Vila Bela, aproamos a noroeste, para atravessar o rio em diagonal. E perto das 5 horas, aproximávamo-nos da margem esquerda: fértil, e bem cultivada, exibia-nos suas bananeiras de longas folhas, de fartos cachos e rematadas por um tubérculo de tom violeta dos mais belos que tenho visto. Sem conta também os coqueiros cujas nozes encerram um líquido branco e doce como leite; campos de milho, laranjeiras, cacaueiros. Por toda parte ramos de flores agrestes, tufos de verdura, árvores frutíferas. Aquele conjunto de plantas da natureza virgem e das semeadas pelo homem constituía esplêndido espetáculo. [...]. FONTE: BIARD, Auguste François. Dois anos no Brasil . Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004. p. 160. (Edições do Senado Federal, 13).   Bananeira ( Musa paradisiaca) Merian, Maria Sibylla.   Metamorphosis insectorum surinamensium . [1705].  www.pinterest.com

Os Cipós

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             [...]. No Brasil, as trepadeiras têm em todas as províncias o nome genérico de cipó. Sem haver viajado pelos grandes bosques do interior ou da costa oriental, é  impossível imaginar o aspecto selvagem e grandioso que às paisagens dão certos cipós: variados ao infinito em seu porte, em sua folhagem e na maneira extraordinária porque vão lançar caprichosamente seus braços gigantescos  no meio de árvores seculares, que estranguladas por eles algumas vezes fenecem; interrompidos com frequência no seu crescimento por rochedos, que recobrem de flores, para subirem ao topo das suas maiores árvores, antes de penderem em longos filamentos, por toda a parte oferecem o aspecto mais bizarro e quase sempre uma vegetação cheia de elegância. Aqui é uma multidão de cordoalhas, pendentes e entrelaçadas, semelhantes às complicadas manobras de um navio! Acolá são ramos verdejantes, balançando suas guirlandas floridas, que servem de abrigo às aves que muitas vezes gostam de ali localizar seu

Borboletas de brilhantes cores

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            [...]. Cassias  de elegante folhagem penada e de vistosas flores formavam a grande proporção das árvores mais baixas, e aráceas arborescentes cresciam em touceiras em torno dos charcos. Por cima de tudo voavam borboletas de brilhantes cores, em bandos como nunca tínhamos visto. Algumas eram inteiramente amarelas ou alaranjadas ( Callidryas ); outras de asas excessivamente alongadas, coloridas de azul, rubro e amarelo ( Heliconias ) cortavam o ar horizontalmente. Uma espécie de magnífico verde claro ( Colaenis dido ) chamou especialmente a nossa atenção. Perto do chão, atraídas pelas flores de numerosas leguminosas e outras ervas, esvoaçavam muitas outras espécies menores, semelhantes no aspecto às nossas. Fora das borboletas havia poucos outros insetos, exceto libélulas, que apareciam em profusão, e parecidas no aspecto com as espécies inglesas mas algumas eram nitidamente diferentes, por suas cores de um vermelho rutilante. FONTE: BATES, Henry Walter.  O naturalista no ri

As folhas trementes e delicadas das Mimosas

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           Muitas das gigantescas árvores da floresta têm folhas tão delicadas, como as trementes Mimosas , pertencendo, como estas mesmas, à numerosa família das Leguminosas , ao passo que as Cecropias , com suas enormes folhas palmadas, e as Clusias , com as suas luzentes folhas ovais, e cem outras formas intermédias, proporcionam bastante variedade.              E a intensa luz solar, por cima das suas copas, tudo banhando, enquanto as mais densas sombras reinam por baixo, aumenta a grandeza e a solenidade do cenário.           As flores eram raras e esparsas, algumas pequenas orquídeas, ervas rasteiras, aqui e ali um arbusto fluorescente, foi tudo que vimos ao lado do caminho, quando íamos passando [...]. FONTE: WALLACE, Alfred Russel. Viagens pelo Amazonas e Negro . Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004. p. 60-61. (Edições do Senado Federal, v. 17). Mimosa pudica Britton, N. L. ; Horne, F. W. Popular flora of Puerto Rico, Flora Borinqueña . t. 449.  www.plantillustrat

A Alma-de-gato (Piaya cayana)

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          A Alma-de-gato vive tanto na mata densa como na borda da mata, e aparece sem grande esquivança nos jardins e nas sebes. Seu voo é consideravelmente mais agradável, mais seguro, não hesito mesmo em chamá-lo elegante. Nos últimos anos tenho observado repetidas vezes em liberdade esta ave bela, e eminentemente útil, [...]. Tenho ficado admirado da extrema capacidade de modulação de sua voz. O que ela decanta, quer na macega densa, quer na copa de qualquer árvore alterosa da mata, azafamada na casa de insetos - exprimi-lo em língua humana parece-me empresa desesperadamente difícil. Acredito andar melhor declarando que este Cuco é um mofador, que imita à sua maneira a voz das outras aves e possui em seu repertório  uma compilação das obras musicais de seus companheiros de mata.   FONTE: GOELDI, Emílio A. As aves do Brasil . Rio de Janeiro: Livraria Clássica, 1894. p. 161-162. Chincoã (Alma-de-gato) à direita - Saci - Anu - Quirirú Álbum de aves amazônicas . 1900-1906. Ilustração d