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Mostrando postagens de julho, 2021

As penas da cauda do Urubu-Rei

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                    Se o ninho do Cauré afugenta a urucubaca, tira panema e propicia encontros felizes, sucesso nos negócios, a pena do Urubu-Rei dá sorte ao caçador. A plumagem do corpo da ave não tem a mesma virtude, não serve como talismã [...].           As penas da cauda são as que servem. É preciso, por outro lado, que a pena se desprenda quando o Urubu-Rei está voando ou voltejando, momento este considerado o em que no ar, espreita e fareja a presa. Matá-lo para consegui-la, nada adianta.      Meu tio Zé Ferreira foi um dos maiores caçadores do Trombetas. Tanto era extraordinário na caça como na pesca. Tanto pescava tucunaré de "pindu-nau-áca" nos rios ou lagos, como o caçava de rifle nos igapós. Nunca desceu de um "mutá" que não fosse para recolher a presa, quer esta fosse uma anta ou veado atraído à "comedia", que fosse uma ave de poleiro alto seduzida pela "negaça".      Os caboclos sempre diziam que o "seu Ferreira" tinha &qu

Belas palmeiras

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           O mundo das palmeiras nas margens do Pará e do Amazonas tem caprichos peculiares. Quase usurpam sozinhas todo o solo, muitas vezes até mesmo uma única espécie, trechos inteiros de margem. A margem do Tocantins, poucas milhas a leste, no canal do sul, mais abaixo da Ilha de Marajó, era toda uma floresta de miritis, entremeada de muitas esguias euterpes. E agora, embora descobrisse sempre ambas as belas palmeiras encontrei verdadeira mata de fronde, sobre um solo mais firme e menos atingido pelas cheias do rio. FONTE: AVÉ-LALLEMANT, Robert. Viagem pelo Norte do Brasil no ano de 1859 . Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1961. v. 2, p. 59-60. (Coleção de Obras Raras, 7).  Palmeiras Açaí e Miriti Ilustração de Eron Teixeira

Travessia sob um bambuzal

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          [...]. O vale vai se estreitando à medida que se aproxima das cabeceiras do igarapé e a mata se tornando mais cerrada. O caminho aquático também diminui de largura e fica mais sinuoso por causa das árvores, agora mais juntas umas das outras. Os galhos de algumas delas se espalhavam pouco acima de nossas cabeças e se apresentavam carregados de epífitos; uma orquídea me chamou a atenção particularmente, por causa de suas flores amarelo-vivo, que brotavam da ponta de hastes de vários metros de comprimento. Alguns troncos, principalmente os das palmeiras, estavam cobertos logo abaixo da coroa por densos tufos de lustrosos potos de folhas em forma de escudo, de mistura com samambaias. Naquele ponto nós nos achávamos, de fato, no coração da floresta virgem. Não ouvíamos o menor rumor de vida animal nas árvores, e só vimos um pássaro azul-celeste empoleirado solitariamente no alto de um galho. Durante um certo trecho era tão errada a vegetação baixa que o caminho passava sob uma  ab