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Mostrando postagens de março, 2020

O cantar das anhumas e aracuãs

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"De há dias, ainda a navegar o Taquari, ouvíramos com muita frequência o cantar das anhumas-pocas e aracuãs. A primeira dessas aves é um belo pássaro do tamanho de uma perua: tem o porte alto, os olhos vermelhos, um colar de penas pretas, além de outro formado pela pele nua. A plumagem é acinzentada, os pés compridos e vermelhos, as asas armadas uma delas de dois esporões, com que pode ferir perigosamente. Víamos com frequência este interessante pássaro, sempre aos pares, quando muito três juntos. O canto que ergue na solidão dos pântanos faz lembrar o som do sino no campo. O casal de aracuãs é inseparável. Se canta o macho, responde a fêmea, repetindo as mesmas notas, mas em tom diferente. Quando avultam os pares, então o alarido é forte. Esse canto imita os gritos de uma galinha que está sendo perseguida, com a diferença de que é cadenciado e repetido alternadamente por um e outro". FONTE: FLORENCE, Hercules. Viagem fluvial do Tietê ao Amazonas de 1825 a 1829 . Brasí

Tempestade na Amazônia

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"[...]. Grandes nuvens enfarruscadas surgiam de todos os lados e, em pouco a luz parecia descer de um céu de chumbo. A atmosfera era então abafante e toda a natureza, imóvel, traía um ar de susto, como a recear o desencadeamento da tempestade. Apenas,  junto das praias, bandos de gaivotas irrequietas, espicaçavam-se aos gritos, rasando a água em voos baixos. Não tardou que o vento aparecesse. A princípio, um bafo morno, pressentido ao longe pela agitação das imbaúbas, cujas folhas deixavam ver o dorso esbranquiçado. Depois, a zurriada de lufadas fortes, que sopravam na floresta e chegavam até o rio, esbracejando o arvoredo e enfurecendo as águas. Foi só o tempo de carregar nos forquilhões e meter a igarité entre as canaranas de um espraiado.  Aí longe da terra firme não corríamos o risco dos esbarrondamentos e quedas de árvores. Mais alguns minutos e a chuva caía a jorros, entre relâmpagos que lanhavam o céu de lado a lado. Nunca vi trovões tão fortes e repetidos. Era um estrond

Uma famosa e cobiçada orquídea

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"A paisagem, nesta altura, ainda é a mesma. A mata, muito densa e escura, com apenas maior variação das espécies vegetais. Já se podem ver algumas pedras grandes e barrancos mais altos. Passamos por Castanheiro, um lugarejo atualmente deserto, que também já foi cidade e teve sua história. Ao longe, na margem direita, podem ser vistos 4 serrotes cujos nomes são: Jacamim, Taiaçu, Balaio e Tapira. No morro do Jacamim encontra-se a famosa e cobiçada orquídea conhecida por galo-branco ( Catasetum pileatum )". Fonte: CARVALHO, José Cândido Mello. Notas de viagem ao Rio Negro. Publicações Avulsas do Museu Nacional , Rio de Janeiro, n. 9, p. 23, 1952. Catasetum pileatum  The orchid album .  1889. Ilustração de J. N. Fitch www. plantillustrations.org

Vegetação dos Furos de Breves

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"[...]. ÀS 8 horas da manhã, estávamos passando os Furos de Breves, estreitos canais, entre ilhas cobertas de densa vegetação florestal e de cujas margens passávamos às vezes a apenas 4 a 5 m de distância, o que nos permitia apreciar bem a vegetação; já conhecíamos esses Furos, pela descrição que deles dá J. Huber, em seu trabalho "Furo de Breves", no Boletim  do Museu Goeldi. Salientavam-se pelo número os miritis ( Mauritia sp.), uns isolados, outros em grupos; à beira das ilhas  abundância de aninga ( Montrichardia arborescens Schott); de quando em quando grandes sumaúmas ( Ceiba pentandra Gaertn.), algumas tão próximas às margens que bem se viam as respectivas sapopemas (expansões tabulares das raízes, junto ao coleto e acima do solo). Frequência também de açaí ( Euterpe sp.) e de ubim ( Geonoma sp.); os miritis (ou buritis no Brasil em geral) estavam com lindos cachos, de frutos novos, ainda amarelados. [...]". FONTE: A. J. de Sampaio. A flora do