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Jardins em miniatura

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          [...].  Quanto a vegetação gozei aqui pela primeira vez um espetáculo que só se pode ter nas cachoeiras e mesmo aqui só no princípio da vazante; todas as pedras desta cachoeira estavam cobertas de verdadeiras almofadas de Podostemaceas. O desenvolvimento destas plantas minúsculas e graciosas podia ser estudado aqui em todas as suas fases, do primeiro veio ligeiro e esverdeado a que se mostra nas pedras ainda completamente submergidas, até as camadas espessas e luxuriantes da folhagem plenamente desenvolvida à flor d´água, até as milhares e milhares de florzinhas que elevam suas mimosas corolas brancas em galinhos transparentes de cor de rosa nos lugares apenas abandonados pelas águas e até os restos quase invisíveis formados pelas plantas dissecadas que se encontram nas partes mais altas do pedral. Quem passa algumas semanas mais tarde pelo mesmo lugar não vê mais vestígio nenhum destes jardins em miniatura, cuja graça ainda é exaltada pelo contraste do deserto de pedras e ág

Os cipós nos furos de Breves-PA

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          Os verdadeiros cipós, cujo tronco principal tem o mesmo crescimento exagerado que nos arbustos-cipós se observa só em certos galhos, influem mais na fisionomia da vegetação litoral dos furos que estes. São principalmente as Passifloraceas e as Bignoniaceas [...]., que envolvem os troncos e descem em elegantes festões das copas de árvores altas, produzindo aqui e acolá aquelas cortinas de verdura matizadas de flores brancas, roxas ou cor de rosa que tanto impressionam o viajante. Munido com gavinhas, como estes cipós, encontramos ainda o Cissus sicyoides L. que entre todos os seus congêneres tem a particularidade de poder desenvolver raízes aéreas que, tais como fios suspensos, descem verticalmente dos galhos mais altos.           Um dos cipós mais vistosos dos furos, notável pelos seus cachos compridos de flores escarlates, trepa nas árvores mais altas, sem ter órgãos especiais para se agarrar nas outras plantas. [...]. Como se vê, os cipós pertencem às famílias mais diver

A esguia e alta Imbaúba

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         Olhando de cima para essas florestas, e outras similares nas Províncias adjacentes elas nos parecem todas iguais, porém cada seção delas, quando examinada de perto, é diferente de sua vizinha. Há miríades de árvores, arbustos, videiras e palmeiras, fetos, parasitas e orquídeas, cuja quantidade e variedade produzem infinitas mudanças de arranjos, e, consequentemente, a descrição mais minuciosamente detalhada de um atalho, ou do interior de qualquer parte da floresta, variava totalmente de outra a doze jardas de distância. Todavia, observando-se da altura o conjunto completo, vê-se uma quantidade e variedade de árvores que, por sua cor conspícua de folha, ou flor, ou pela forma, absorvem os detalhes menos distintos; por exemplo, a esguia e alta imbaúba de tronco oco, com suas grandes folhas peltadas, verde-claras por cima e branco-prata na parte de baixo, é um dos aspectos mais salientes, especialmente quando a brisa agita suas folhas em lampejos de verde e prata; [...]. FONTE:

Jardins suspensos de surpreendente magnificência

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          A palmeira paxiúba ( Iriarthea exorrhiza ) e algumas espécies de Cecropia (embaúba) exibem outras extravagâncias em suas raízes. Elas aparentam estar apoiadas em estacas, o verdadeiro tronco apenas começando a uns 2 ou 3 metros acima do solo. Mas o que mais excita nossa admiração é a profusão de orquídeas e bromélias. Estas frondosas filhas dos trópicos envelopam com sua folhagem espessa, com folhas e flores dos mais irregulares formatos, tanto nos troncos de árvores já caídas quanto aquelas em que ainda há pleno vigor, formando jardins suspensos de surpreendente magnificência. Em todo lugar, nos galhos e no chão, e mesmo nas frestas da rocha bruta, ramos delicados de um rico musgo afloram e vestem de um frescor verde os troncos já tombados. [...]. FONTE: KELLER-LËUZINGER, Franz. Os rios Amazonas e Madeira : esboços e relatos de um explorador. Belo Horizonte: Editora Dialética, 2021. p. 174.   Bromélia   Trew, C. J. ; Ehret, G. D. Plantae selectae quarum imagines ad exemplar

Belíssimas orquídeas floridas

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                 A paisagem da região, até este ponto, não mudou. Há momentos em que são tantos os paranás encontrados, que os próprios práticos lutam para acertar o rumo. Esta noite perdemos o rumo indo parar num lago, tendo sido gastas duas horas até que fosse novamente, retomada a direção certa. O volume d´água é assombroso, água sempre negra e brilhante, continuada pela mata densa, quase impenetrável, vista ao longe como se fosse um risco preto por cima d´água. Não posso deixar de mencionar, as belíssimas aráceas e certas orquídeas floridas, nesta época. [...]. FONTE: CARVALHO, José Cândido Melo. Notas de viagem ao rio Negro. Publicações Avulsas do Museu Nacional, Rio de Janeiro, n.9, p. 16, 1955. Galeandra sp. Ilustração de Margaret Mee (1909-1988).

Um lugarzinho encantador!

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       Era um lugarzinho encantador; um pouco acima, o rio passava por um vale estreito e fundo entre montanhas com florestas escuras, grandioso em seu silêncio e variedade de forma e cor; massas de flores cobriam algumas árvores, azuis, carmins e douradas; madressilvas amarelas, convolvuláceas azuis e vermelhas, flores de maracujá púrpura formavam festões de galho em galho ou pendiam em longas cordas, com as extremidades tocando o rio; a temperatura deliciosa, o som das águas caindo e o chilrear dos pássaros adicionavam-se aos seus encantos. FONTE: WELLS, James W. Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil : do Rio de Janeiro ao Maranhão. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro; Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1995. v. 1. p. 134. Passiflora quadrangularis . Revue Horticole . 1902. www.biodiversitylibrary.org

Depois da chuva ...

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          [...]. Depois da chuva, um revaldo macio verde-claro aparece no terreno suavemente ondulado; na terra levemente mais alta que limita o vale há capões (moitas e touceiras de árvores), cada uma franjada por uma variedade de flores e samambaias, arões arborescentes, a paisagem toda tão arrumadinha que é difícil conceber que seja obra da natureza e não de um paisagista. Entre as árvores, são mais conspícuas as grandes massas de cor da begônia de flores púrpuras, o ipê, as flores douradas da caraíba do campo, e pindaíbas, aroeiras, palmeiras e acácias.  Quem segue a vereda sinuosa entre esses bosques sente-se em um verdadeiro paraíso. [...]. FONTE:  WELLS, James W. Explorando e viajando três mil milhas através do Brasil : do Rio de Janeiro ao Maranhão. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudo Histórico e Culturais, 1995. 1995. v. 1. p. 273. Cassia alata  Curtis, W. Botanical Magazine . v. 68. 1842.  www.plantillustrations.org