Postagens

Viajantes: Um dia agradável!

Imagem
        Margaret Mee (1909-1988),  artista botânica inglesa, relata um dia agradável de sua viagem à Amazônia em sua obra Flores da floresta amazônica . 2. ed. 2010. p. 54:           O dia transcorreu de forma agradável, permitindo que os últimos raios do por do sol registrassem as plumas coloridas das araras, tucanos, garças, martins-pescadores barulhentos e bandos de  papagaios em seus voos de volta para suas casas. Pendurados nas árvores mais altas haviam ninhos de japiim, com seus habitantes protestando fortemente contra nossa invasão em seu território. Os golfinhos brincavam surfando na superfície do rio.           Em um momento de tensão, lutando para transpor as corredeiras do rio, percebi o barulho dos papagaios verdes brilhantes que voavam rasante sobre nós, seguidos por dezenas de pássaros tesoura. Nossa jornada foi iniciada em Manaus no dia 15 de julho, chegando a Maturacá no dia 2 ...

Viajantes: uma floresta luxuosa

Imagem
       J. Barbosa Rodrigues (1842-1909) comenta em sua publicação Exploração e estudo do Valle do Amazonas : Rio Tapajoz. 1875. p. 78-79 sua impressão sobre a floresta que entrou considerando-a um "floresta luxuosa", com seus inúmeros madeiros extraordinários.               Como que para compensar a mesquinhez e raridade de bonitas árvores no campo, a floresta apresenta-se luxuosa com seus imensos madeiros, todos com mais ou menos emprego nas artes e ofícios.           O Oenocarpus distichus e a Maximiliana regia , aí não só abundam, como tomam um desenvolvimento extraordinário. [...].           Em alguns lugares úmidos, cresce o marajá ( Bactris ) que se estende por alguns espaços. Goza-se aí na floresta uma frescura agradável, enquanto que no campo, apesar de alguma variação o calor é insuportável. Aí anima a floresta um pequeno pássaro esverdeado do gênero Tanagra ...

Os viajantes em Belém do Grão-Pará: Charles Marie De La Condamine (1701-1774) e sua chegada ao Pará

Imagem
            Nesta seção do Blog teremos narrativas de viajantes e naturalistas que visitaram Belém do Pará. Essas histórias e narrativas nos ajudarão a entender como era a cidade entre os séculos XVIII e XX, complementadas por fotografias ou ilustrações da época.             Charles Marie De La Condamine (1701-1774), cientista e explorador francês comenta em sua obra Viagem na Amazônia Meridional. 2000. p. 111-112,  comenta sobre sua chegada ao Pará:          No dia 19 de setembro, perto de quatro meses após minha partida de Cuenca, cheguei à vista do Pará que os portugueses chamam "Grão-Pará", ou seja "grande rio", na língua do Brasil; aportamos a uma habitação dependente do Colégio dos Padres Jesuítas. O Provincial nos recebeu, e o reitor aí nos reteve oito dias, e nos proporcionou todos os divertimentos de campo, enquanto nos preparavam acomodações na cidade. Achamos no dia 27, chega...

Almanaque de Curiosidades Amazônicas: Aguapé

Imagem
    Nesta seção do Blog, traremos histórias narradas por naturalistas, antropólogos e estudiosos do folclore amazônico, além de curiosidades e relatos relevantes sobre a região. Também exploraremos as palavras de origem Tupi ainda utilizadas pela população amazônica, baseando-nos nas narrativas de viajantes que passaram pela região e deixaram como legado dicionários e vocabulários que compilam termos aprendidos com os indígenas que falavam a Língua Geral. AGUAPÉ: São plantas aquáticas arredondadas com raízes adstringentes e altamente narcóticas. Contém muito tanino que quando muito lavadas perdem o princípio narcótico, tornando-se inócuas. A espécie Nymphaea alba é conhecida também como lírio d´água, golfo.     Quanto ao termo científico do gênero, Nymphaea , vem de Nympha , "habitante da água", explica J. Barbosa Rodrigues (1842-1909), naturalista e botânico brasileiro, em sua obra Hortus fluminensis.  1895. p. 12.     Para o Prof. Pirajá da Silva n...

Viajantes: No coração da floresta virgem

Imagem
Henry Walter Bates (1825-1892), explorador e naturalista inglês, em seu livro O naturalista no rio Amazonas. 1979 . p. 223 comenta sua passagem pela floresta virgem na Amazônia:            O vale vai-se estreitando à medida que se aproxima das cabeceiras do igarapé e a mata se tornando mais cerrada. O caminho aquático também diminui de largura e fica mais sinuoso por causa das árvores, agora mais juntas umas das outras. Os galhos de algumas delas se espalhavam pouco acima de nossas cabeça e se apresentavam carregados de epífitas; uma orquídea me chamou a atenção particularmente, por causa de suas flores amarelo-vivo que brotavam da ponta de hastes de vários metros de comprimento. Alguns troncos principalmente os das palmeiras, estavam cobertos logo abaixo da coroa por densos tufos de lustrosos potos de folhas em forma de escudo, de mistura com samambaias. Naquele ponto nós nos achávamos, de fato, no coração da floresta virgem ... Mata virgem com arara Peyr...

As plantas que povoam a floresta virgem

Imagem
          Entre todos os gêneros de plantas, que povoam a floresta virgem, distinguem-se, como por toda parte nas florestas tropicais, devido à peculiaridade de suas formas, particularmente os membros da família das Bombáceas, ou Sumaúmas, uma espécie de Malvácea que chama a atenção devido ao seu monstruoso tronco e galhos e ao viço de sua fronde. São numerosas as espécies de Palmeiras, entre elas deve-se salientar a tão bela quanto útil palmeira Buriti ( Mauritia flexuosa ) que, com as suas folhas em forma de leque, elevando-se frequentemente a mais de 100 pés no ar, em muitos lugares crescem tão juntas, que seus troncos verdes, lisos, alinhados um do outro, parecem paliçadas dum enorme forte.  Contrastam com esses troncos gigantescos a Juçara ( Euterpe edulis ) e a Açaí ( Euterpe oleracea ), muitas vezes crescendo junto a elas, que pertencem ao número das palmeiras mais delicadas, e sobretudo a nobre Anajá ( Maximiliana regia ), assim chamada pelo cé...

Aventuras de um desenhista francês na Amazônia

Imagem
            Acompanhava de longe os companheiros e, quando a água não me chegava ao pescoço, erguia os braços e fazia vagarosamente um esboço, lamentando não viesse atrás de mim um colega de pintura para apanhar minha figura, assim metido n´água, com a roupa e a espingarda penduradas às costas, e de braços no ar a desenhar. Seria muito pitoresco. Não me detinha a desenhar aspectos já familiares, mas ao transpor um trecho bosqueado de bambus e enfeitado de trepadeiras quando divisava as orquídeas a se balançarem como os lustres de uma catedral, sem quase se distinguir os delgados cipós que as substituem, não podia deixar de deter os passos e desenhar; realizava apenas um croqui numa proporção relativa de cada margem, porque os braços elevados depressa se fatigavam e tinha de deixar o trabalho mal iniciado. FONTE: BIARD, Auguste François. Dois anos no Brasil . Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2004. p. 93-94. (Edições do Senado Federal, Conse...