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Um Blog sobre a Amazônia

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Descubra os relatos, memórias e encantos da natureza amazônica registrados há séculos em diários e publicações de naturalistas e viajantes. Visite: olimpiareisresque.blogspot.com, um Blog sobre a natureza amazônica. Diário de campo de Henry Walter Bates Copaíba . Copaifera langsdorffii

Almanaque de curiosidades amazônicas: As aves e o tempo

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O Jornalista Eurico Santos (1883-1968) relata em seu livro Histórias, lendas e folclore de nossos bichos. 1957,  informações curiosas sobre a relação que as aves têm com o tempo:        Há, a propósito das aves, observações curiosas.    Em  matéria de medir o tempo e  saber seguramente a hora, já que não é possível telefonar para o Observatório Astronômico, o povo do interior apela para o inhambu-relógio que canta a horas certas. [...].    O Mutumporanga, a exemplo do galo, canta à noite, precisamente à meia-noite, dizem uns, e há quem afirme que eleva o canto no momento exato em que a constelação do Cruzeiro do Sul atinge o seu ponto culminante.    Em matéria de astronomia, quer o povo que as aves estejam muito bem informadas.    Na Amazônia, dizem que nos primeiros dias, quando Ceuci, ou sejam as Pleiades, ao anoitecer, está quase na linha do horizonte os pássaros dormem nos poleiros mais altos.    ...

Literatura: Orquídeas de singulares coloridos

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         Aurélio Pinheiro em À margem do Amazonas. 1937. p. 122-123, relata impressões de uma floresta.           A floresta parecia tomada de fundo letargo, sem rumores sem ruídos de passos, sem vozes, sem sussurro da asa entre galhada  infinita, numa desolação de necrópole, adornada de verde, um verde absoluto e fatigante que se estendia no matupá, rolava na selva, subia nos ramos, ondulava por toda parte, num destemido, interminável domínio.           Nesse mudo império vegetal somente os frutos escarlates das mungubeiras, suspensos nos galhos desfolhados ou alguma orquídea de singulares coloridos enfeitando velhos troncos, ou as flores roxas dos mururés, quebravam alegremente a imensa monotonia. Pintura de Martin Johnson Heade  (1819-1904)

Almanaque de curiosidades amazônicas: A Anhuma

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  Rodolpho von Ihering em Dicionário dos animais do Brasil . 1968, assim descreve essa ave:       Ave (Palamedea cornuta), da família dos    Palamedeídeos, que na Amazônia é conhecida por    "cauintau" ou "cametaú" e "unicórnio. É ave grande, de 85    cm de comprimento comparável ao peru, mas caracterizada por várias singularidades. os pés têm dedos enormes, o que lhe facilita a locomoção nos banhados, sobre as plantas aquáticas. Na cabeça um "chifre", ou antes um espinho recurvado, córneo, de 12 centímetros de comprimento, está implantado sobre a pele, o bordo anterior da asa é provido de 2 esporões, dos quais a ave se utiliza como arma perigosa Esse esquisito chifre frontal de tal modo impressionou os naturais, que há muito tempo lhe são atribuídas virtudes curativas. Eurico Santos em seu livro Da ema ao beija-flor . 5. ed. 1990. p. 105-106 relata certas curiosidades dessa ave:          Para os supersticiosos a...

Viajantes: As flores púrpuras das orquídeas

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Franz Keller-Lëuzinger (1835-1890), botânico e explorador alemão narra trecho de seu livro  Os rios Amazonas e Madeira : esboços e relatos de um explorador. 2021. p. 170, com tradução, apresentação e notas  de Adriano Gonçalves Feitosa, onde relata sobre  as orquídeas e palmeiras encontradas nesse trecho de sua viagem:           Um misterioso crepúsculo segue em nosso encalço, intensificando o brilho dos derradeiros raios de sol que cai por sobre lustrosas palmeiras, ou por sobre as flores púrpuras das orquídeas. Troncos colossais, alguns de 6 a 10 metros em diâmetro, impõem-se como pilares suportando a pesada abóboda de folhagem verde e densa; abaixo, ofuscadas pelos gigantes da vizinhança, variedades de palmeiras altas e graciosas, desembaraçadas ou cobertas por arbustos, carregadas de frutinhas de amarelo ou vermelho vívidos, lutam entre si por um vislumbre de luz [...]. Laelia purpurata. J. Linden. Lindenia Orchid Prints, 1885.  

Viajantes: As famosas cuias pintadas

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O escritor português José Maria Ferreira de Castro (1898-1974) trabalhou como seringueiro,  durante quase quatro anos no Seringal Paraíso em plena Floresta Amazônica e, dessa experiência, escreveu o livro "A Selva". A seguir um trecho do romance A Selva 2. ed. 1937. p. 53:           As cuias, mais que as guloseimas, prendiam a atenção de Alberto. Já as conhecia de Belém, célebres por darem frescura e fino sabor à água que por elas se sorvia, mas nunca as vira em tanta fantasia e variedade. Fruto grande e redondo de muitos quilos, às vezes, os nativos serravam-no pelo meio, extraindo-lhe a polpa inútil e das duas metades da casca, submetidas a tratamento e tingidas de negro, faziam aqueles primores locais. Por fora, mãos pacientes abriam a branco sobre o fundo preto, caprichosos arabescos, uns falando de primitivas ingenuidades, outros impondo-se já por uma intenção de arte. Havia também as que não tinham sido serradas; cavara-se o fruto apenas dos lad...

Viajantes: A gaivota, a vigia dos navegantes na Amazônia

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Raimundo Morais (1875-1941), que serviu durante anos como comandante de navios fluviais na Amazônia, fala em sua obra Notas de um jornalista. 1924. p. 123-126,  sobre os hábitos das gaivotas e de como ajudam os navegantes nessa região:                              A ave  que mais se vê e se ouve, de dia e de noite, no volume da grande artéria, é a gaivota. Vindo do mar foi subindo este mediterrâneo fluvial como sucedeu a toninha, que virou boto, até os últimos filetes d´água. É um dos animais da fauna alada que mais prestam favores ao homem. De verão, em todo o curso da grande corda líquida, que flui sob a linha ideal do Equador, na volta do mês de dezembro, quando principiam a desabar os primeiros temporais, é ela o melhor vigia dos navegantes. Em noites escuras, eletrizadas, quando os fogos santelmos acendem os seus fachos azulados no tope dos mastros, é a gaivota, com seu grito estri...