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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

A Madeira

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          Eu só vou louvar algumas da minha predileção. Ou do meu respeito. E vou dizendo logo o nome da itaúba preta, a preferida de quem gosta do que é bom e que nunca se acaba. Para esteio, assoalho, cumeeira, fundo de barco, casco de canoa, arpão (tem pescador de zagaia que prefere arpão de maçaranduba, por mais pesado), pernamanca de telhado, tacaniça, viga de sustentação - a itaúba é pau para toda obra. Mas desde que seja a parte do âmago. Não tem água, nem terra, nem cupim que dê com ela. Já a carne branca, a parte logo abaixo da casca, mestre carpinteiro que se preza não lida com ela. Maçaranduba, mogno, mungubeira, sucupira, pau-d´arco, preciosa, sumaumeira, açacu, jacarandá, acariquara, louro, cumaru. De cedreiro altaneiro não me esqueço, sobretudo do roxo, tão esquivo. Nem do lenho-mulato, pau de trava, muito menos da linda lombrigueira. FONTE: MELLO, Thiago. Amazonas : água, pássaros, seres e milagres do pedaço mais verde do planeta. Rio de Jane...

Uma autêntica selva de pântano tropical

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          A vegetação mostra uma autêntica selva de pântano tropical, como somente a fantasia mais corajosa a poderia imaginar. Em toda a parte vêm-se árvores de folhagem, do tipo de mangrove, debaixo de cujas raízes-escoras encurvadas poderia passar uma canoa, em caso de necessidade; palmeiras de yuary   defendidas por longos espinhos, altas palmeiras de miriti e os epífitos variados que podem viver a sua vida de parasitas, graças ao ar supersaturado de vapor d´água; tudo emaranhado por plantas trepadeiras, num caos inextrincável. FONTE: KOCH-GRUNBERG, Theodor.  Dois anos entre os indígenas : viagens no noroeste do Brasil 1903-1905. Manaus: EDUA/FSDB, 2005. Palmeira Jauari (Astrocarium jauary) Ilustração de J. Barbosa Rodrigues (1842-1909)

Uma planta aquática exótica

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          À medida que prosseguíamos, a floresta de árvores enormes, com raízes que desciam ao longo dos troncos reforçando sua estrutura, tornava-se mais densa e a luminosidade, mais fraca. Foi na suave luz esverdeada que vi uma colônia de Rapateceae, plantas aquáticas exóticas. De suas grandes folhas com o centro rosa-choque surgiam talos delgados coroados por duas brácteas triangulares cor-de-rosa, dentre as quais conjuntos de pétalas amarelo-claras surgiam dos cálices vinho-escuros. As pétalas eram tão delicadas que quase flutuavam pelo ar e não resistiriam à nossa viagem, por isso decidi deixá-las para a volta. Em pouco tempo estávamos longe, penetrando em uma floresta tão escura e ressonante quanto uma catedral. FONTE: MEE, Margaret. Flores da floresta amazônica : a arte botânica de Margaret Mee. 2. ed. São Paulo: Escrituras, 2010. p. 36.   Rapatea paludosa.   Margaret Mee. Flores da floresta amazônica . 2010.