Legiões de saíras, tangarás, e tiês nas árvores altas ao longo dos igarapés e riachos

A planície que a seguir se estende da praia às primeiras elevações do solo, são, de ordinário, arenosas e despidas, ou semeadas de grupos de cactáceas, que afetam múltiplas formas: globosas, em colunas, em candelabros ou reunidas em florestas eriçadas de espinhos acerados. Aí se encontram as peruinhas e pequenas espécies de pombas. Algumas aves de rapina, de caráter cruel e selvagem, pairam a procura de vítimas ou arrostam o ardor do sol, empoleiradas, imóveis sobre os arbustos pouco abundantes destas regiões, a que os naturais chamam restingas. Esta aridez, entretanto, desaparece nas vizinhanças dos riachos e dos lagos por eles alimentados onde crescem bambus e taludes de verdura. Mirtáceas, eugenias, tamarineiros e laranjeiras aí crescem com vigor; as árvores mais altas, que se sobrepõem a essas, abrigam legiões de tangarás, de saíras e tiês de cores vivas e brilhantes, mas cujas vozes raramente são melodiosas. [...]. FONTE: DESCOURTILZ, Theodore. História natural das aves do Brasil ...