Um verdadeiro dilúvio
"Esta madrugada foi, até o presente, a pior desta viagem e acredito que dificilmente passarei outra igual. Acordei às 2 hora da manhã ensopado de chuva. Caiu verdadeiro dilúvio, com vento e trovoada, molhando-nos em segundos. Tive de me levantar, pois de nada valeria ficar deitado numa rede molhada, com a coberta encharcada, chuva caindo por todos os lados. Nosso fogo apagou depressa. A solução escolhida foi acocorarmo-nos embaixo de algumas folhas de inajá e, de cócoras, esperar que as horas se escoassem. Assim esperamos até o dia amanhecer, 3 horas seguidas sob forte chuva e vento. Ao amanhecer, nossa pele estava enrugada e branca, como se tivéssemos permanecido todo esse tempo dentro d´água". José Cândido M. Carvalho (1914-1994). Notas de viagem ao rio Negro. Publicações Avulsas do Museu Nacional, Rio de Janeiro, n. 9, p. 61, 1952.
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Folhas da palmeira Inajá (Maximiliana regia). C. Fr. von Martius. Historia Naturalis Palmarum 1823-1850 |
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