O perfume das flores do cajueiro
"Nas porções de matas, a atmosfera estava carregada do delicado perfume das flores do cajueiro (Anacardium occidentale) que aí existe em profusão. Era a primeira vez que via esta árvore à distância da costa, mas depois vi que não era incomum no interior. O fruto, porém, ou, antes, o grosso pedúnculo que forma a parte comestível, é pequeno, pouco maior que uma cereja. A lusco-fusco paramos num sítio onde havia duas casas, mas não nos pudemos acomodar, por haverem ali acampado antes de nós duas grandes tropas.
Como a habitação mais próxima ficava a duas léguas adiante e as estradas, ao que informavam, eram más, decidi permanecer onde estava, acampando debaixo de ramalhuda Caesalpinia à beira da estrada.
Logo depois de ser tudo arranjado para a noite, veio-me permissão de uma das casas para armar lá minha rede, convite que recusei, por me não parecer prudente separar-me da bagagem. [...].
A tarde estava sombria, com toda a aparência de chuva; mas, quando surgiu a lua, clareou e tornou-se bela a noite. Rede e poncho estavam ainda demasiadamente úmidos para neles dormir; por isso me deitei no alto de duas malas, com os arreios por travesseiro, ao pé de grande fogo que havíamos feito antes. [...]".
FONTE:
GARDNER, George. Viagem ao interior do Brasil: principalmente nas províncias do norte e nos distritos do ouro e do diamante durante os anos de 1836-1841. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1942. p. 146. (Biblioteca Pedagógica Brasileira. Série 5a. Brasiliana, v. 223).
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Caju. (Anacardium occidentale) Plantarum indigenarum et exoticarum icones ad vivum coloratae. v. 1, t. 5, 1788. www.plantillustrations.org. |
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