Observando as aves nas florestas pluviais


Os sons de uma floresta pluvial confundem quem nela penetra; o ambiente é pouco iluminado, pois as densas copas deixam penetrar pouca luz solar, e os animais que a habitam dependem muito da voz para se comunicarem. Esta limitação atinge também o homem, cuja vista não o ajuda muito na mata cerrada. O mais prático, para o observador de aves, é penetrar na floresta por sendas ou procurar clareiras, o que já é bastante para encontrar várias espécies. A primeira impressão é de que a floresta não tem aves; o observador deve escolher uma boa posição e se conservar quieto algum tempo; então, as aves começam a aparecer.
As aves que procuram alimento ou transitam nas partes mais altas das árvores são muitas vezes, de colorido garrido por baixo, e uniformes, geralmente verdes, por cima. Este esquema as protege dos predadores de baixo, pois as suas manchas de cor casam-se com os reflexos e lampejos da luz solar entre as folhas, e dos predadores alados, como a Harpia e os Gaviões, que olhando de cima, as confundem com o verde sombrio da vegetação; Periquitos, Papagaios e Tucanos, por exemplo, valem-se deste esquema.
Nas árvores velhas, perfuradas por insetos, vários Pica-paus, procuram larvas para alimento; seu martelar, num crescendo de notas curtas, ajuda a localizá-los. Os Arapaçus também estão presentes na mesma atividade, sempre a menor altura. Mutuns, Jacuaçus e Jacutingas, raros de encontrar alimentam-se no solo da floresta e repousam nos galhos menos altos. Um bacurau, o João-corta-pau é ouvido com frequência, e pouco visto, a repetir o próprio nome.
As clareiras têm habitantes próprios, que procuram alimento em sua vegetação típica. Vários Fringilídeos pequenos estarão em suas gramíneas; nos arbustos floridos os Beija-flores desenvolvem seu voo vertical. Vários insetívoros maiores têm mais facilidade de procurar alimento aí. Também será nas clareiras que você poderá ter a sorte de ver, de relance, um esquivo Macuco ou um Uru, correndo no chão para se ocultarem.
O Pantanal Mato-Grossense tem algumas das características das florestas pluviais, no que se refere às aves, mas lá vivem, em abundância, espécies que não são encontradas nas florestas, como os três tipos de Cegonhas, Garças, Ibis e Patos; identifica-se, portanto com as águas interiores. Por essa multiplicidade de características, é uma região de enorme riqueza para o observador de aves".

FONTE: SOUZA, Deodato. Aves do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 2004, p. 125-127. il. (Coleção Vis Mea in Labore, v. 6).


Tucanos (Ramphastos ambiguus swainsonii)
Gould, J. A monograph of the ramphastidae or family of toucans. 1992.

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